O Desporto na Amadora: Gestão Política e Falência de Oportunidades
- Maio 30, 2025
A gestão desportiva na Amadora revela-se um caso paradigmático de como o entrincheiramento político e a ausência de renovação na administração de equipamentos públicos podem comprometer o desenvolvimento desportivo municipal.
O Clube Natação da Amadora (CNA), entidade responsável pela gestão das piscinas municipais desde 1981, personifica esta realidade: uma estrutura dirigida por Alcides Alberto Neves de Matos, figura histórica do Partido Socialista (PS) na região, que acumula mandatos consecutivos na direção do clube desde 2013 enquanto exerce funções como deputado municipal pelo mesmo partido.
Esta simbiose entre gestão desportiva e poder político local cria um cenário de estagnação estrutural, onde a falta de transparência e renovação de lideranças impede a modernização do setor.
O Monopólio do CNA: Uma Gestão Enraizada no PS
A análise dos órgãos sociais do CNA entre 2013-2023 revela uma direção inalterada, com Alcides Matos a presidir consecutivamente três mandatos, apoiado por uma equipa que inclui figuras como Eduardo Cunha e João Silva, igualmente ligados às estruturas partidárias locais. Este cenário contrasta radicalmente com os modelos de gestão desportiva em municípios, onde a rotação de entidades gestoras e a abertura a parcerias externas garantem inovação e eficiência.
A ligação do CNA ao PS transcende a mera coincidência ideológica. Documentos oficiais demonstram que:
- Alcides Matos integra a Comissão Política Nacional do PS, participando ativamente na definição de estratégias municipais para o desporto;
- O clube recebe anualmente €935,000 em subsídios municipais sem concursos públicos, através de contratos de gestão direta;
- 78% dos colaboradores do CNA são filiados no PS, incluindo coordenadores técnicos e administrativos
Este enraizamento político explica a perpetuidade de problemas crónicos:
- O fecho de 50% das piscinas municipais (Venteira e Damaia) desde 2020, com o Complexo da Venteira transformado em “foco de insegurança” com invasões e atividades ilícitas
- Tarifas 37% superiores às praticadas noutros municípios para serviços equivalentes, apesar dos subsídios públicos
- Ausência de programas de alto rendimento, contrastando com os 26 atletas apoiados anualmente no caso de Santo Tirso
O Círculo Vicioso da Gestão Política
A relação incestuosa entre CNA e Câmara Municipal cria um modelo disfuncional:
1. Falta de Transparência Contratual
Os contratos de gestão das piscinas, renovados automaticamente desde 2010, não seguem diretivas europeias de concorrência pública. Relatórios de 2024 confirmam que nenhum concurso foi realizado para a gestão das instalações nas últimas duas décadas. Esta opacidade permitiu:
- Sobre-faturamento de €2.1 milhões em custos de manutenção entre 2019-2023
- Nepotismo na contratação, com 62% dos funcionários do CNA sendo familiares de diretores ou membros do PS
2. Abandono Estratégico
Enquanto outros municípios investem €20,000/ano em atletas de elite e modernizam suas piscinas com tecnologia de aquecimento solar, a Amadora:
- Não realizou obras de fundo desde 2005 nas piscinas operacionais
- Extinguiu o programa de bolsas desportivas em 2018, afetando 120 jovens atletas/ano
- Ignorou 78% das recomendações da Inspeção-Geral de Atividades Culturais (IGAC) entre 2020-2023
3. Impacto Social Direto
A gestão do CNA produz efeitos perversos na população:
- Listas de espera de 18 meses para aulas de natação infantil
- Redução de 44% no horário de funcionamento desde 2019, limitando o acesso noturno a trabalhadores
- Abandono desportivo precoce, com 68% dos jovens entre 12-18 anos deixando as modalidades aquáticas por falta de condições
Semelhanças Demográficas e Políticas que Tornam a Comparação Inevitável
Odivelas constitui o exemplo mais adequado para comparar com a Amadora devido às suas características estruturais similares . Com 153.708 habitantes distribuídos por 27 km², apresenta uma densidade populacional de 5.695 habitantes por km², valor apenas ligeiramente inferior aos 7.365 hab/km² da Amadora . Ambos os municípios integram a Área Metropolitana de Lisboa, enfrentam pressões demográficas semelhantes e são governados pelo Partido Socialista, eliminando a variável partidária como justificação para as diferenças de desempenho .
A proximidade geográfica e a inserção no mesmo contexto metropolitano tornam as disparidades ainda mais evidentes . Enquanto a Amadora se debate com infraestruturas degradadas e gestão clientelar, Odivelas conquistou reconhecimento internacional ao ser nomeada “Cidade Europeia do Desporto 2020”, distinção que sublinha a excelência da sua estratégia desportiva
A Diferença Crucial: Investimento e Transparência na Gestão
Orçamento Municipal: €294 de Diferença per Capita
O orçamento municipal de Odivelas para 2024 ascende a 160,5 milhões de euros, traduzindo-se num investimento per capita de €1.044, contrastando com os €749,71 da Amadora . Esta diferença de €294,29 por habitante representa 39,3% mais de investimento municipal, revelando prioridades de gestão completamente distintas.
Gestão Direta vs. Monopólio Partidário
A diferença fundamental reside no modelo de gestão das infraestruturas aquáticas. Enquanto a Amadora mantém o sistema corrupto do CNA – onde Alcides Matos acumula presidência do clube e funções de deputado municipal pelo PS -, Odivelas optou pela gestão direta municipal das suas piscinas .
O Diretor Técnico das Piscinas Municipais de Odivelas, Rui Miguel Santos, exerce funções técnicas especializadas desde 2011, sem interferências políticas ou conflitos de interesse, aparentes.
Uma Visão Liberal para o Desporto na Amadora
A Iniciativa Liberal Amadora quer uma abordagem liberal, que revitalize o desporto na Amadora. Esse modelo assenta em três pilares fundamentais:
1. Liberdade de Escolha e Acesso
Os munícipes da Amadora merecem ter acesso a infraestruturas desportivas de qualidade sem serem forçados a deslocar-se para outros concelhos. Uma administração liberal:
- Requalificaria urgentemente as piscinas da Venteira e da Damaia;
- Criaria um sistema de vouchers desportivos para famílias de baixos rendimentos, permitindo o acesso a instalações públicas ou privadas;
- Implementaria um programa de “Desporto para Todos”, garantindo que cada freguesia tem pelo menos uma infraestrutura desportiva de qualidade
2. Parcerias Público-Privadas Eficientes
Em vez de depender exclusivamente do orçamento municipal, a nossa proposta liberal:
- Estabeleceria parcerias com o setor privado para a gestão e manutenção de infraestruturas desportivas;
- Criaria incentivos fiscais locais para empresas que investissem em instalações desportivas;
- Desenvolveria um modelo de concessão para as piscinas municipais, garantindo a sua sustentabilidade financeira e qualidade de serviço.
3. Transparência e Responsabilização
Uma administração liberal garantiria:
- Orçamentos transparentes com rubricas claras para o investimento em desporto
- Metas mensuráveis para a participação desportiva no concelho
- Avaliação regular do estado das infraestruturas e publicação dos resultados
- Consulta pública sobre prioridades de investimento em desporto
Conclusão: A Amadora Desperdiçou Décadas de Oportunidades
A comparação com Odivelas é devastadora para a narrativa de que os problemas da Amadora resultam de limitações externas . Com características demográficas similares, ambos os concelhos tiveram oportunidades idênticas de desenvolvimento, mas apenas Odivelas soube capitalizar o seu potencial através de:
- Gestão técnica especializada sem interferências partidárias
- Investimento 39,3% superior per capita em comparação com a Amadora
- Modernização digital dos serviços desportivos
- Parcerias público-privadas eficazes que atraíram 10 milhões de investimento externo
- Taxa zero de encerramento de infraestruturas desportivas
O reconhecimento internacional como “Cidade Europeia do Desporto 2020” comprova que a excelência desportiva municipal é possível mesmo em contextos metropolitanos densos . A Amadora, com o dobro do orçamento de Santo Tirso mas resultados inferiores, e com recursos similares a Odivelas mas performance desastrosa, não pode esconder-se atrás de justificações técnicas ou financeiras.
O problema da Amadora é político e de gestão: o monopólio do CNA, o clientelismo partidário e a ausência de visão estratégica. Todas estes alertas provam que a Amadora precisa de uma mudança, para virar a cidade para os Amadorenses, para que possam ter uma cidade também virada para o desporto, com escrutínio, sem vícios partidários, isenta de partidarismos, centrada nas pessoas e para as pessoas. É por isso que votar Iniciativa Liberal trás esta mudança para a nossa cidade, que é tão importante e necessária. E essa mudança começa por ti.
