Piscinas da Amadora: Má gestão, silêncio e responsabilidade política
- Julho 8, 2025
- João Amado

Como chegámos aqui?
A recente manifestação na Damaia, promovida por moradores descontentes com o prolongado encerramento da piscina local, levou-me a querer perceber melhor o que se passa. Sobretudo porque a gestão desta piscina está a cargo da mesma entidade que gere as outras três piscinas do município — Alfornelos, Reboleira e Venteira — sendo que tenho particular interesse pela de Alfornelos, um dos poucos equipamentos desportivos públicos disponíveis nesse bairro.
A gestão comum das quatro piscinas está a cargo do Clube de Natação da Amadora (CNA), como bem contextualizou o meu colega liberal neste artigo:
👉 https://amadoraliberal.pt/2025/05/30/o-desporto-na-amadora-gestao-politica-e-falencia-de-oportunidades/
Com base no último relatório de contas publicado, e após ter contactado diretamente o CNA (sem resposta), identifiquei os seguintes factos:
- Existe um contrato anual de concessão para cada piscina.
- A Câmara Municipal da Amadora atribuiu ao CNA um subsídio de 215 000 € em 2022, dos quais 50 % deveriam ser usados para manutenção.
- O resultado líquido desse ano foi negativo: –38 798 €, o pior dos últimos sete anos.
- Não há publicação de contas desde 2022.
- Não há divulgação pública da composição dos órgãos sociais desde 2024.
Em suma, mesmo com resultados negativos e metade das piscinas encerradas desde 2020, a Câmara continuou a renovar as concessões, ignorando os sinais de má gestão. No próprio relatório de contas é referido que “se torna cada vez mais premente o envolvimento da CM da Amadora nas atividades do CNA”, o que parece ser uma forma disfarçada de pedir mais apoios públicos para encobrir a ineficácia da gestão.
A CM da Amadora falhou na supervisão. Ignorou os números, os incumprimentos e, ainda hoje, continua a permitir esta situação. Se nada mudar, não vamos assistir à reabertura das piscinas encerradas — vamos, isso sim, ver as que ainda estão abertas fecharem também.
O que fazer agora?
É urgente mudar de estratégia. Eis o que propomos:
- Pôr fim às concessões atuais, com prioridade para as piscinas que estão encerradas.
- Avaliar novos modelos de gestão, assentes na qualidade do serviço, na manutenção dos equipamentos e no cumprimento de objetivos concretos.
- Estabelecer contratos com regras claras, que incluam tempos mínimos de funcionamento, acesso livre a munícipes e penalizações em caso de incumprimento.
- Abrir concursos públicos transparentes, onde possam concorrer clubes, associações e também entidades privadas — por exemplo, ginásios locais.
- Impor regras de transparência, com obrigatoriedade de publicação anual de contas e identificação clara dos órgãos sociais.
Não podemos continuar a gerir equipamentos públicos com base em compadrios ou favoritismos. A Amadora merece melhor. E os cidadãos têm direito a saber quem gere os seus espaços, com que resultados e com que responsabilidade.
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