Amadora Liberal

Ribeiras da Amadora: Entre o Abandono e a Urgência de uma Nova Abordagem Liberal

As ribeiras que atravessam o concelho da Amadora — Ribeira De Carenque, Ribeira da Falagueira, Ribeira de Algés (troço amadorense) e Linha de Água da Outurela — representam um dos casos mais evidentes de como a gestão socialista pode transformar recursos naturais valiosos em focos de risco para a saúde pública e segurança dos munícipes. Com 11,6 quilómetros de cursos de água em estado de conservação que vai de deficiente a muito mau, estas linhas de água tornaram-se símbolos do abandono sistemático, da falta de planeamento estratégico e de uma política ambiental que privilegia a retórica sobre a ação concreta.Mapa das ribeiras da Amadora e pontos problemáticos

Mapa das ribeiras da Amadora e pontos problemáticos

Um Cenário de Degradação Sistemática

Ribeira De Carenque: O Património Esquecido

A Ribeira De Carenque, que percorre 4,2 km desde o vale de Carenque até à Venteira, exemplifica perfeitamente os problemas estruturais que afetam os cursos de água amadorenses. Conhecida historicamente como “Ribeira das Águas Livres”, esta linha de água alimentou durante séculos os aquedutos romano e das Águas Livres, sendo fundamental para o abastecimento de Lisboa.

Hoje, a ribeira apresenta assoreamento generalizado e a histórica Ponte Filipina de Carenque de Baixo, construída em 1631 e classificada como Imóvel de Interesse Municipal desde 2006, encontra-se em estado de deterioração preocupante. Não há registo de qualquer intervenção municipal significativa nos últimos anos, apesar de esta ponte constituir um importante património histórico partilhado com Sintra.

Ribeira da Falagueira: Quando o “Remédio” É Pior que o Mal

A Ribeira da Falagueira, com 2,8 km de extensão, tornou-se o símbolo mais visível da gestão ambiental desastrosa do executivo socialista. Em 2021, face aos aluimentos recorrentes nas margens, a solução encontrada pela Câmara foi instalar blocos de cimento — uma técnica dos anos 70 que contraria todas as boas práticas ambientais modernas.

Como documentado nas atas da Assembleia Municipal de 2021, esta intervenção gerou forte crítica dos deputados, que questionaram o porquê de se colocarem “grandes blocos de cimento nas margens da ribeira, quando aquilo que as cidades estão a fazer hoje em dia é exatamente o contrário — tirar os blocos de cimento das ribeiras”. A resposta da Câmara foi que se tratava de “uma contenção numa zona específica de 1,20m”, mas a realidade é que descaracterizou completamente a paisagem ribeirinha.

Ribeira de Algés: O Protocolo que Deixou a Amadora de Fora

O troço superior da Ribeira de Algés (3,1 km no território amadorense) nasce na Buraca e apresenta problemas crónicos de assoreamento e crescimento descontrolado de vegetação. Enquanto Oeiras avança desde janeiro de 2025 com um protocolo de 30 milhões de euros com a APA para reabilitar esta ribeira, a Amadora mantém-se como parceiro silencioso, sem qualquer plano estruturante próprio para o troço que lhe compete.

Linha de Água da Outurela: O Curso de Água Esquecido

A Linha de Água da Outurela (1,5 km), que atravessa Carnaxide e Outurela, encontra-se no estado mais degradado de todas, sofrendo de poluição sistemática e acumulação de detritos. Não há registo de qualquer intervenção nos últimos anos, sendo considerada pela própria autarquia como estando em estado “muito mau”.

Os Riscos Ignorados da Falta de Limpeza e Desmatamento

A ausência de manutenção regular, limpeza preventiva e desmatamento seletivo destas ribeiras cria riscos múltiplos que se materializam sempre que há precipitação intensa:

1. Assoreamento e Perda de Capacidade Hidráulica

Vegetação descontrolada, detritos orgânicos e lixo acumulado elevam progressivamente o fundo dos leitos. Estudos técnicos demonstram que ribeiras mal mantidas podem perder 30-40% da sua capacidade de escoamento — exatamente o que acontece nas quatro ribeiras amadorenses.

2. Obstrução por Vegetação e Detritos

Silvas, canas e espécies invasoras criam verdadeiras barragens naturais onde se acumulam troncos, plásticos e outros materiais. Na Ribeira da Falagueira, estes entupimentos são “frequentes” segundo documentos municipais, provocando inundações regulares na zona do aqueduto.

3. Instabilidade De Taludes E Deslizamentos

Vegetação inadequada e saturação de água junto às margens desestabilizam os solos. Os aluimentos na Ribeira da Falagueira foram tão recorrentes que levaram à instalação dos polémicos blocos de cimento em 2021.

Evolução do peso do ambiente no orçamento da Amadora

Evolução do peso do ambiente no orçamento da Amadora

O Massacre Orçamental: 3,7 Pontos Percentuais Perdidos

Os números oficiais da CMA revelam uma política deliberada de desinvestimento ambiental. Entre 2020 e 2024, a percentagem do orçamento municipal destinada ao ambiente caiu de 9,1% para 5,4% — uma redução de 3,7 pontos percentuais que coincide exatamente com o agravamento dos problemas nas ribeiras.

Esta trajetória descendente torna-se ainda mais grave quando se considera que:

  • 2022 foi o ano das cheias catastróficas que afetaram a Amadora
  • A legislação europeia exige maior investimento em infraestruturas verdes
  • Os municípios vizinhos aumentaram o investimento ambiental no mesmo período

O ligeiro aumento para 7,8% previsto em 2025 é insuficiente para recuperar o atraso acumulado e permanece abaixo dos níveis de 2020.

As Consequências das Cheias: Um Aviso Não Escutado

Os eventos climáticos extremos de dezembro de 2022 mostraram as consequências diretas desta negligência:

  • Mais de 100 pessoas desalojadas na Mina de Água devido a aluimento de taludes
  • Estação ferroviária da Amadora completamente inundada
  • 103 ocorrências de Proteção Civil numa única semana
  • Prejuízos estimados em milhões em habitações e infraestruturas

Estes números não resultam de “fenómenos climáticos excepcionais”, mas sim de décadas de falta de manutenção preventiva e desinvestimento sistemático nas infraestruturas de drenagem natural.

Soluções Liberais: Eficiência, Inovação e Responsabilização

1. Contratos de Performance Ambiental

Implementar contratos baseados em resultados mensuráveis onde empresas privadas especializadas garantem:

  • Limpeza preventiva semestral de todos os 11,6 km de ribeiras
  • Desmatamento seletivo preservando espécies autóctones e removendo invasoras
  • Desobstrução regular com metas de capacidade hidráulica
  • Monitorização trimestral do estado de conservação

Custo estimado: 1,2 milhões anuais — inferior ao que foi cortado do orçamento ambiental entre 2020-2024.

2. Renaturalização da Ribeira da Falagueira

Substituir os blocos de cimento por soluções baseadas na natureza:

  • Bioengenharia de taludes com plantas estabilizadoras
  • Recuperação da galeria ripária com espécies autóctones
  • Criação de pequenas bacias de retenção a montante
  • Passadiços de madeira para valorização paisagística

Investimento necessário: 1,2 milhões — financiável através de fundos europeus LIFE.

3. Restauro da Ponte Filipina de Carenque

Protocolo com Sintra para restauro conjunto desta infraestrutura histórica:

  • Consolidação estrutural da ponte seiscentista
  • Limpeza e renaturalização do troço envolvente
  • Criação de percurso pedonal entre Amadora e Queluz
  • Valorização turística do património aqueduto-ribeira

Custo estimado: 180 mil euros (50% cada município).

4. Parcerias Intermunicipais Estratégicas

Protocolo tripartido Amadora-Oeiras-Lisboa para:

  • Gestão integrada da bacia da Ribeira de Algés
  • Cofinanciamento de infraestruturas de retenção
  • Partilha proporcional de custos operacionais
  • Centro de comando conjunto para gestão de emergências

5. Orçamento Verde Vinculativo

Estabelecer por regulamento municipal:

  • Mínimo de 8% do orçamento destinado ao ambiente
  • Aprovação de 2/3 da Assembleia Municipal para reduções
  • Relatórios trimestrais públicos sobre execução
  • Penalizações automáticas por incumprimento de metas

6. Sistema de Monitorização Inteligente

Instalação de sensores IoT em pontos críticos das ribeiras:

  • Medição contínua de nível de água e caudal
  • Alertas automáticos para obstruções
  • Dashboard público com dados em tempo real
  • Previsão de cheias com 6h de antecedência

Custo: 150 mil euros inicial + 30 mil/ano operação.

Uma Crítica Responsável com Soluções Concretas

A gestão socialista das ribeiras amadorenses falhou redondamente. Oito anos de promessas não cumpridas, orçamentos em queda livre e soluções de betão dos anos 70 transformaram recursos naturais valiosos em ameaças à segurança pública.

Enquanto outros municípios avançam com projetos inovadores:

  • Porto renaturalizou ribeiras urbanas com técnicas de bioengenharia
  • Cascais implementou jardins de chuva que reduziram 30% as inundações
  • Oeiras estabeleceu protocolos intermunicipaliais de 30 milhões

A Amadora permanece estagnada, com ribeiras assoreadas, vegetação descontrolada e orçamentos em queda.

A Iniciativa Liberal apresenta uma alternativa credível: eficiência privada, parcerias inteligentes, tecnologia verde e transparência total. Não são precisos mais estudos nem promessas eleitorais— são precisas políticas que funcionem e responsáveis que prestem contas.

As ribeiras da Amadora podem voltar a ser corredores verdes de qualidade, espaços de lazer seguros e infraestruturas naturais que protegem em vez de ameaçar. Mas isso exige coragem para quebrar o ciclo de negligência socialista e abraçar políticas liberais que colocam os resultados acima da ideologia.

Esta é a nossa proposta para as ribeiras da Amadora: devolver às famílias amadorenses o direito a um ambiente digno, seguro e bem cuidado. Porque os munícipes merecem melhor que blocos de cimento e promessas vazias — merecem soluções que funcionam e uma gestão que responsabiliza.

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