Estamos sempre habituados a ter uma opinião formada sobre tudo, ainda mais na política, onde, tal como no jornalismo, quem se pronuncia primeiro tem um lugar de destaque em relação aos demais. Nesse sentido, quem lidera o poder local parte sempre em vantagem, e isso é mais notório quando se aproxima uma eleição autárquica, altura em que somos brindados com inaugurações, fotos em aparições em associações, feiras e empresas, como forma de demonstrar o orgulho camarário.

De facto, é com alegria que os amadorenses veem o PS da Amadora a desdobrar-se em esforços para se tornar notório. Isso verifica-se não só nos múltiplos posts diários da câmara e das autarquias, mas também na pressa das obras públicas, que apenas são realizadas (por coincidência) na altura em que a câmara precisa de recordar aos munícipes e aos seus votantes Socialistas que é uma “câmara e um partido atento aos problemas sociais e locais”. Por isso, desdobram-se em empreitadas com muito asfalto, pinturas e muitos “almoços” grátis distribuídos generosamente.

Mas, na realidade, é tudo uma fachada descabida e carregada de hipocrisia, uma manobra bastante habilidosa para esconder os problemas que não conseguem resolver. Há um ditado popular que diz que “é com milho que se espantam pardais”, mas eu vou mais longe: é com “obrinhas” que se escondem os esqueletos do armário, e existem tantos que não sei se haverá obras que cheguem para apaziguar todas as coisas más que foram “varridas” (pouco) eficazmente para debaixo do tapete.

Existe um silêncio desconfortável sempre “que há um azar” na Amadora por parte da câmara, como se estivessem à espera que os habitantes da Amadora tivessem um apagão de memória instantâneo. Sejamos honestos: sempre que há azar, não há PS Amadora para responder, e temos vários exemplos:

1. Desacatos no Bairro da Zambujal: um caso de um autêntico eclipse socialista, diria que é um caso de pensamento alargado. Pediu-se a um presidente responsável uma aparição para acalmar os ânimos e para dar uma palavra de segurança e paz. Em vez disso, tivemos um silêncio no meio dos desacatos que foi quebrado depois de termos sido brindados com uma visita do Isaltino, através de um comunicado vazio.
2. Hospital Amadora-Sintra: se há aspeto de maior desigualdade social, é efetivamente na saúde. Somaram-se notícias atrás de notícias sobre o hospital que serve a Amadora, com problemas graves de funcionamento, urgências fechadas e uma espera na urgência que ultrapassou o mínimo razoável. A IL Amadora esteve presente para alertar as populações, mas quem esteve presente mais uma vez? O silêncio de uma Câmara da Amadora afónica.
3. Extinção da SIMAS: fomos brindados com uma extinção da SIMAS em modo de “despacho” pelo executivo de Oeiras. Este término é uma preocupação, não só pelos motivos da sua eliminação, mas pelas implicações que pode vir a ter junto das famílias e empresas da Amadora. Eram necessárias explicações e planos, até para dar a devida tranquilidade e garantia de que o preço da água não vai aumentar, por exemplo. A IL Amadora alertou para este risco, mas, mais uma vez, o silêncio do executivo e do PS Amadora.

Portanto, podemos concluir destes exemplos que temos dois PS’s na Amadora: o PS das coisas boas, presente, com um saco cheio de novas estradas alcatroadas, beijinhos, lanches e almoços. Mas depois temos um PS para as coisas más, que não responde, com mudez seletiva e que vive na penumbra dos comunicados.

E neste vazio, a IL da Amadora está atenta e nunca deixará os problemas dos amadorenses serem esquecidos com “brindes”, e é a alternativa das famílias e das empresas, mas, mais importante, seremos a voz de mudança que este concelho precisa todos os dias, e não apenas nos momentos em que a população é chamada para fazer a escolha.”